março 12, 2025

Lula chama de ‘intromissão’ pedido de informações dos EUA sobre aviões militares ao Brasil

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta-feira (11) considerar uma intromissão o pedido de informações feito pelos Estados Unidos acerca da venda de aviões militares feita ao Brasil em 2014.

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O Departamento de Justiça dos EUA solicitou informações à subsidiária da fabricante sueca de aeronaves Saab sobre a venda de 36 caças militares Gripen ao Brasil, em 2014. A transação foi objeto de uma investigação sobre corrupção no Brasil, disse a Saab na quinta-feira (10).

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“A companheira Dilma [Rousseff] comprou um avião que era mais econômico, me parece que mais barato e a manutenção custava menos. É um avião de um conjunto de países, é um sueco que tem participação da Inglaterra e de vários outros países”, disse, em entrevista à rádio O Povo/CBN Fortaleza.

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“E eu sinceramente acho que um pedido de informação dos Estados Unidos é intromissão numa coisa de um outro país. É descabida essa informação. Não sei qual é a informação que eles estão pedindo, também não quero fazer julgamento precipitado, mas não tem sentido pedir informação de um avião que o Brasil comprou”, completou.

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A informação de que o governo americano estaria em busca dessas informações dez anos depois veio à tona na quinta-feira (10). Horas depois, a empresa sueca se manifestou por comunicado.

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No texto, a empresa disse que tanto autoridades brasileiras quanto suecas já investigaram anteriormente a compra e o caso foi arquivado sem apontar qualquer irregularidade da Saab.

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A Força Aérea Brasileira (FAB) escolheu em 2014 o Gripen para renovar sua frota de caças, em detrimento do F-18 Super Hornet, da americana Boeing, e do Rafale, fabricado pela francesa Dassault Aviation SA.

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O acordo com a Saab também permite que os Gripens sejam produzidos no Brasil no futuro.

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As primeiras aeronaves já foram entregues ao Brasil, e o restante deve ser entregue até 2027.

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A compra dos 36 caças foi assinada em outubro de 2014. O valor do contrato à época ficou quase US$ 1 bilhão acima do previsto quando a intenção do negócio foi anunciada, em dezembro de 2013: US$ 5,4 bilhões (cerca de R$ 13,5 bilhões).

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A FAB (Força Aérea Brasileira) afirma que a diferença se deve à negociação para a atualização do projeto -a proposta da Saab era de 2009, e foi necessário adequá-la à evolução tecnológica de alguns componentes do avião e também à exigência de maior participação brasileira na produção.

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A aquisição levou o Ministério Público Federal em Brasília, em 2016, a denunciar Lula no âmbito da Operação Zelotes por supostamente ter participado de um esquema de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa envolvendo a compra de 36 caças Gripen e a prorrogação de incentivos fiscais destinados a montadoras de veículos por meio da Medida Provisória 627.

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Os procuradores alegavam que o esquema teria ocorrido durante o período em que Lula era ex-presidente, entre 2013 e 2015.

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O caso, contudo, foi suspenso em 2022 pelo então ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal). Esta era a última ação penal contra o petista que ainda não havia sido suspensa, trancada, anulada ou que houvesse a absolvição pela Justiça.

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O ministro decidiu acatar os argumentos da defesa, que usou como provas as mensagens trocadas entre procuradores obtidas por hackers e, depois, apreendidas na Operação Spoofing, da Polícia Federal.

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Segundo Lewandowski disse à época, “os procuradores República responsáveis pela denúncia referente à compra dos caças suecos agiam de forma concertada com os integrantes da ‘Lava Jato’ de Curitiba, por meio do aplicativo Telegram, para urdirem, ao que tudo indica, de forma artificiosa, a acusação contra o reclamante [Lula]”.

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“Valendo lembrar que investigações do mesmo jaez, relativas aos casos ‘Triplex do Guarujá’ e ‘Sítio de Atibaia’, foram consideradas inaproveitáveis pelo Supremo”, acrescentou o ministro.

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Segundo Lewandowski, havia, por parte dos procuradores, “quando menos, franca antipatia e, em consequência, manifesta parcialidade em relação” a Lula.