março 14, 2025

BYD ignora estoque elevado e traz mais 5.500 carros da China enquanto fábrica não fica pronta

RODRIGO MORA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A BYD trouxe mais 5.524 carros para o mercado nacional na quinta-feira (27), aumentando ainda mais o estoque de modelos importados da China.

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De acordo com levantamento mais recente da Anfavea (associação dos fabricantes), janeiro terminou com 42,8 mil veículos eletrificados chineses à espera de clientes em portos e pátios de concessionárias. A entidade estima que a maior parte é composta por veículos BYD.

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Modelos das famílias Dolphin, Song e Yuan vieram de Nigbo, na província chinesa de Zhejiang, a bordo do Explorer Nº 1, navio que pertence à montadora. Em sua segunda visita ao Brasil, a embarcação atracou no Portocel, em Aracruz (ES). Na primeira passagem, em maio de 2024, foram entregues 5.459 automóveis no porto de Suape (PE).

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Enquanto não recebe os outros sete cargueiros que planeja incorporar à frota própria, a empresa utiliza ainda outras embarcações para abastecer o mercado brasileiro.

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Líder em vendas de modelos híbridos e 100% elétricos, com 76.811 emplacamentos alcançados entre janeiro e dezembro de 2024, a BYD não revela a quantidade de veículos em estoque atualmente.

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Segunda colocada no ranking de eletrificados, com 29.219 licenciamentos, a GWM também não fornece dados sobre modelos armazenados no Brasil. “Mas podemos garantir que menos de 10% [dos 42,8 mil chineses em estoque] pertencem à GWM”, diz o comunicado enviado pela empresa.

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O excedente de veículos aguardando compradores é consequência da corrida para escapar dos futuros aumentos da alíquota sobre híbridos elétricos importados. O governo federal promove uma retomada gradativa do Imposto de Importação: atualmente em 18%, subirá para 25% em julho de 2025 e chegará ao patamar original de 35% em julho de 2026.

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“Nossos carros obedecem a um planejamento de estoque para atender à demanda do mercado”, afirma Henrique Antunes, diretor de vendas da BYD Brasil. “Temos que ter 25 mil unidades em estoque, o que equivale a, aproximadamente, três meses de vendas. Alguns produtos serão usados já em abril; outros, um pouco adiante, dependendo do modelo.”

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Desembarques de navios apinhados de carros da marca tendem a diminuir quando a fábrica de Camaçari (BA) começar a operar. Isso deveria ocorrer no próximo mês, mas ficou para o início do segundo semestre, após uma força-tarefa de órgãos federais ter identificado a presença de 163 operários trabalhando em condições análogas à escravidão nas obras do complexo baiano.

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De acordo com a empresa, a unidade fabril que já foi da Ford será a maior fora da China e terá capacidade para produzir 150 mil veículos por ano na primeira etapa e até 300 mil numa segunda etapa.

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O hatch Dolphin Mini e o SUV Song Pro serão os primeiros nacionais. Daí então os navios se concentrarão em modelos importados da BYD e nas futuras marcas de luxo da empresa, Denza e BAO.

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A BYD também está expandindo seu centro de distribuição de peças, localizado em Cariacica (ES). Um novo galpão de 4.500 m² adicionou 5.900 posições de pallets. De acordo com a empresa, havia 370.692 peças em estoque em fevereiro de 2024, montante que saltou para 718.042 em fevereiro de 2025. No mesmo intervalo, o número de peças expedidas por mês saltou de 13,2 mil para 58,5 mil.

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“Peças de reposição regular, como filtros, rodas, retrovisores e para-choques, sempre estarão disponíveis nas concessionárias. Já as baterias ficam no galpão, onde há condições mais seguras de armazenamento”, explica Rogério Suzart, gerente de Logística da BYD.

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Se um item mais específico é requerido, a empresa calcula que em 15 dias, no máximo, poderá ser trazido da China.

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O jornalista viajou a convite da BYD

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