
“Somos todos iguais perante a lei”, em tradução livre. Filosofia de rua em City Bowl, Cidade do Cabo, Cabo Ocidental, África do Sul, por Anne Fröhlich em Flickr — licença CC-NC-2.0
En archéologue des idées, Séverine Kodjo-Grandvaux explore les strates d'une épistémologie qui, au cours du dernier siècle, s'est construite essentiellement en réaction à l'Occident. D'abord sous le joug de son influence impérialiste, puis en réaction contre cette emprise [..] avec le mouvement des Indépendances et l'injonction à la décolonisation des esprits, vient le temps d'une pensée cherchant à se replier sur « l'identité africaine », contre le moule occidental. Un « retour au sources » risqué : « Dès lors que la philosophie cherche à se penser de manière « nationalitaire », c'est-à-dire continentale, nationale, ethnique, elle doit éviter plusieurs écueils, notamment celui de l'esprit collectif et celui de la particularisation excessive », écrit l'auteur. L'apport de la philosophie occidentale comme celui des autres courants de pensée ne doit pas être rejeté.
Como uma arqueóloga das ideias, Séverine Kodjo-Grandvaux explora as camadas de uma epistomologia que, ao longo do último século, foi construída essencialmente em reação ao Ocidente. Num primeiro momento, sob o jugo da influência imperealista colonial, posteriormente, em reação contra esse domínio. Na medida que os movimentos de independência se espalhavam pelo continente (nos anos 50), a filosofia de busca do retorno à “identidade africana” e de afastamento do molde ocidental tornou-se mais forte. Kodjo-Grandvaux argumenta que tal ideologia de “retorno às origens” é uma proposta arriscada. Ela escreve: “À medida que a filosofia se encaixa na busca de um padrão ‘regionalista’ – isto é, continental, nacional ou étnico – ela deve evitar várias armadilhas, entre elas, a do pensamento homogêneo e do isolamento excessivo”. A contribuição da filosofia ocidental e de outras correntes de pensamento não devem ser rejeitadas.
Kodjo-Grandvaux destaca o debate sobre etnofilosofia, com o qual filósofos africanos vêm lidando por muito tempo: a ideia de que uma cultura ou região em particular possui uma filosofia específica, fundamentalmente diferente de outras tendências filosóficas, é em si controversa. No entanto, muitos filósofos africanos modernos argumentam que o trabalho deles é uma reflexão crítica sobre lideranças africanas e de seus impactos nas vidas diárias de seus compatriotas. Consequentemente, é fundamental que a filosofia africana se desenvolva no contexto do continente africano e que se comunique com uma audiência africana.
2. Souleymane Bachir Diagne (Senegal)

Souleymane Bachir Diagne, filósofo senegalês e pioneiro na nova cena filosófica africana — Domínio Público
Souleymane Bachir Diagne, filósofo senegalês e professor da Universidade de Columbia, acredita que os flósofos africanos precisam tornar o trabalho deles mais acessível aos seus compatriotas. Ele declara:
Nous devons produire nous-mêmes des textes en langues africaines et un de mes anciens élèves américain travaille en ce sens à une anthologie de textes de philosophes africains auxquels il a demandé d’écrire des articles dans leur propre langue. Des locuteurs de cette langue sont ensuite chargés de les traduire en anglais.
Nós devemos produzir os nossos próprios textos em línguas africanas. Um dos meus antigos alunos americanos está trabalhando no sentido de produzir uma antologia de textos escritos por filósofos africanos, os quais foram incumbidos de escrever artigos em suas próprias línguas. Posteriormente, os falantes nativos dessas línguas farão a tradução para o inglês.

“Eu sou porque nós somos”, em tradução livre. Filosofia africana Ubuntu, por Pencils for Africa – Domínio Público
3. Léonce Ndikumana (Burúndi)
Além da importância de se comunicar melhor com seus seguidores africanos, atualmente surgem com destaque outras tendências de pensamento dos filósofos africanos. Léonce Ndikumana cresceu em Burúndi e hoje é professor de Economia da Universidade de Massachusetts em Amherst. Em seu livro “Africa's Odious Debt: How Foreign Loans and Capital Flight Bled a Continent” (Dívida odiosa da África: Como os empréstimos externos e a fuga de capital sangraram um continente), Ndikumana se dedica a combater muitas narrativas sobre a África que são lugar comum e tidas como fato no mundo todo, como, por exemplo, a crença de que a ajuda externa subsidia o continente. Na realidade, a fuga de capital do continente africano (US$ 1,44 trilhão desaparecem de países africanos sem deixar rastros e acabam aparendo em paraísos fiscais ou em outros países ricos) excedem em muito o capital da ajuda externa (US$ 50 bilhões para a África).
Ndikumana também é um dos principais líderes de opinião na África que rejeitam as diretrizes das agências internacionais que frequentemente vão de encontro à vontade dos cidadãos africanos.
4. Kwasi Wiredu (Gana)
O combate às falsas narrativas é uma tendência crescente entre os intelectuais africanos. Entre aqueles que tentam fazer justamente isso, encontra-se o filósofo ganense Kwaisi Wiredu. Ele argumenta que o sistema político multipartidário, frequentemente visto como o fundamento para a democracia, nem sempre conduz à unidade e à estabilidade. Em vez disso, a democracia de consenso é muito mais adequada ao contexto africano:
Posto que a democracia é governo por consentimento, a questão é saber se um sistema menos conflitante do que o de partidos, o qual é vinculado ao sistema majoratório de tomada de decisão, não poderia ser concebido. É um fato importante o de que seres humanos razoáveis podem chegar a um acordo sobre o que deve ser feito pela virtude do compromisso, sem concordar em questões de moral e verdade.
5. Kwame Anthony Appiah (Gana)
Entretanto, Kwame Anthony Appiah, um outro filósofo ganense que atualmente ensina na Universidade de Nova Iorque, opõe-se à tendência de afrocentrismo dos filósofos do continente. Ele acredita que o afrocentrismo é um conceito ultrapassado. Ele defende que deve-se encorajar mais o diálogo entre culturas e menos “regionalismo”:
[Diógenes, filósofo da antiguidade grega] rejeitava a visão convencional de que toda a pessoa civilizada pertencia a uma comunidade entre outras comunidades[…] Uma comunidade global de cosmopolitas desejará aprender sobre outros estilos de vida no rádio e em programas de TV, por meio da Antropologia e História, por romances e filmes, por noticiários e jornais e na internet.
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