março 15, 2025

Dólar abre em leve queda nesta segunda-feira

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu em leve queda nesta segunda-feira (24), enquanto o mercado aguarda a divulgação de dados econômicos nesta semana e novas notícias sobre os planos tarifários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

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Às 9h07, a moeda norte-americana caía 0,28%, cotada a R$ 5,7143. Na última sexta-feira (21), o dólar ficou estável na maior parte da sessão e se encaminhava para encerrar a semana com pouca oscilação, mas fechou com alta de 0,43%, cotada a R$ 5,729 após a notícia de que cientistas descobriram um novo coronavírus com potencial pandêmico na China.

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Na semana passada, a moeda acumulou ganho de 0,58%, interrompendo sete semanas consecutivas de perdas semanais.

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Já a Bolsa caiu 0,37%, aos 127.128 pontos, com as ações das Lojas Renner despencando 14,00% após anunciar lucro de R$ 487,2 milhões no quarto trimestre, abaixo das expectativas do mercado. Na semana, acumulou um declínio de 0,89%.

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Pela manhã, a moeda americana tinha uma alta discreta e passou a ter leve baixa após falas do ministro da Fazenda Fernando Haddad sobre equilíbrio no orçamento e do diretor de política monetária do Banco Central, Nilton David, sobre as perspectivas para a inflação no país.

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No entanto, por volta das 15h, o dólar consolidou alta após o mercado reagir a uma notícia do portal Daily Mail sobre a descoberta de um novo coronavírus na China, com potencial de transmissão entre humanos.

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De acordo com o site, pesquisadores de Wuhan identificaram a nova cepa em morcegos.

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“Essa notícia afetou não só o mercado local, mas também os mercados globais”, afirmou Patricia Krause, economista chefe Latin América da Coface.

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De fato, a possível descoberta intensificou a valorização do dólar nos mercados globais na última semana. O DXY, que mede o desempenho da divisa dos EUA frente a uma cesta de moedas estrangeiras, subia 0,26% ao fim da sessão.

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Além da divisa dos EUA, os treasuries, títulos do tesouro americano, também registraram ganhos, evidenciando o movimento de cautela.

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Isso ocorre porque a moeda americana é amplamente considerada uma reserva de valor segura e os treasuries são considerados os títulos mais seguros do mundo.

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Diante de uma notícia que pode gerar incertezas globais, investidores saem de capitais de ativos mais frágeis, como moedas de países emergentes, e migram em direção a economias e moedas mais sólidas, como o dólar e os treasuries.

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Na avaliação de Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, até o momento, a notícia se baseia em rumores, e o mercado ainda aguarda mais informações para avaliar o real potencial de contágio e o impacto econômico dessa nova cepa.

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“Precisamos avaliar a real ameaça desse novo vírus, entender seu potencial de disseminação e o nível de risco em escala global. Somente assim será possível determinar se o mercado continuará precificando essa incerteza ou se o dólar voltará a responder a outras variáveis econômicas”, afirma.

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Segundo Moreira, a memória recente da pandemia de Covid-19 também pesa na reação antecipada do mercado. “Já sabemos quais foram os impactos então é natural que haja uma antecipação do mercado.”

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A avaliação de Alexandre Viotto, chefe da mesa de câmbio da EQI Investimentos, segue a mesma tendência. Para ele, investidores adotaram uma postura de aversão ao risco, ou seja, mais cautelosa diante da notícia.
“Essa virada [no dólar] sem dúvida se deu com a notícia do novo coronavírus. Isso acabou contagiando o mercado brasileiro, com os investidores buscando maior segurança”, disse Viotto.

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Na ponta doméstica, o mercado repercutiu uma entrevista concedida por Haddad ao ICL Notícias, nesta sexta, em que disse que um governo com Orçamento equilibrado é condição para o desenvolvimento sustentável do país, inclusive para levar a inflação e os juros para baixo.

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“Nós temos um compromisso com a questão fiscal, fizemos o ajuste ano passado. O Orçamento pode ser aprovado com equilíbrio nas contas, é o que garante a sustentabilidade da economia brasileira no médio e longo prazo, um crescimento com inflação baixa, que é a nossa obsessão”, afirmou o ministro.

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Sinalizações de compromisso com as medidas fiscais e equilíbrio nas contas públicas tendem a diminuir as preocupações do mercado com o governo.

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Na sexta, o diretor de política monetária do Banco Central, Nilton David, disse que os próximos meses serão desafiadores para a inflação.

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Em evento do Bradesco BBI David, David disse que a inflação deve piorar no acumulado em 12 meses antes de melhorar.

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“A gente entende que os próximos meses vão ser desafiadores, a inflação de 12 meses vai piorar antes de melhorar”, avaliou, prevendo que não deve haver uma inflexão do índice de preços nos próximos meses.

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Para o diretor, esse cenário para a inflação corrente não ajuda no processo de melhora das expectativas de mercado, que são levadas em conta pelo BC nas decisões da política de juros.

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O diretor afirmou ainda que os movimentos recentes do dólar, que se valorizou fortemente frente ao real no fim de 2024 e perdeu força no início deste ano, não se deu somente no Brasil, avaliando que “o pivô mesmo foi lá fora”.

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“[O BC] não pode imaginar que resolveu o problema dele com algumas semanas de alteração no preço do câmbio. A primeira linha de defesa é separar ruído do que é tendência”, afirmou, ponderando que o dólar está em um momento historicamente valorizado contra o resto do planeta.

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Na ponta internacional, os investidores repercutiram os planos tarifários dos Estados Unidos, as incertezas geopolíticas e a trajetória da taxa de juros do Fed (Federal Reserve, banco central americano), diante de um acordo comercial entre EUA e China, além de um cessar-fogo na Guerra da Ucrânia.

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O vice-primeiro ministro da China, He Lifeng, falou por meia hora com o novo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, e manifestou a ele sérias preocupações em relação às recentes tarifas dos EUA e outras medidas restritivas impostas à China.

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Até agora, a China foi o único país que sofreu o início das imposições tarifárias de 10% sobre todos os produtos que entram nos EUA. Outras medidas foram adiadas ou estão distantes para entrarem em vigor.

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Os agentes financeiros mudaram a percepção sobre o novo governo dos EUA, que completou um mês nesta quinta. Antes, predominava a visão de que as medidas prometidas por Trump seriam inflacionárias para os EUA.

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Agora, os mercados avaliam que as ameaças são mais uma tática política de negociação do que um plano concreto, o que provoca fortes perdas para o dólar neste início do ano.

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Ainda na cena estrangeira, o mercado seguiu na expectativa por um cessar-fogo na Guerra da Ucrânia após negociações entre Estados Unidos e Rússia. Um ponto final no conflito traria menos incertezas geopolíticas e comerciais aos investidores.

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A perspectiva do fim do conflito, que completa três anos nesta segunda-feira (24), tem piorado nos últimos dias depois que Trump e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, passaram a trocar críticas e insultos, dificultando um acordo, o que também explicaria o movimento de cautela nos mercados.

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O conflito tem influenciado as decisões os agentes financeiros nos últimos três anos, principalmente devido a seu impacto em preços de commodities, como grãos e petróleo.

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Um fim negociado para a guerra seria bem recebido pelos investidores, que teriam um fator de volatilidade a menos a ser ponderado em suas decisões.

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Na semana passada, autoridades norte-americanas e russas se reuniram a capital saudita, Riad, para suas primeiras conversas sobre o fim da guerra na Ucrânia.

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