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Além da preocupação de manter a referência em medicina, o Hospital Pequeno Príncipe (HPP), em Curitiba, trava uma luta diária com outro desafio: as próprias contas. Luta essa que faz com que a instituição não seja apenas um local de tratamento médico, mas de aprendizado. No caso de Wagner Souza e o filho, Lukas Pierre Gomes dos Santos, a história das duas gerações teria sido outra, se não existisse o HPP.
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Ao todo, todos os anos, o Pequeno Príncipe faz quase 230 mil atendimentos ambulatoriais, 21 mil internações e 20 mil cirurgias. Mas quando conheceu o hospital, Wagner nem tinha muita noção da dimensão que era a estrutura que o salvou.
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Wagner nasceu com sopro no coração e, aos 6 anos, passou pela primeira cirurgia. Mesmo sem lembrar muito do que viveu, o homem recorda que o acolhimento oferecido pelo hospital foi especial.
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“Troquei uma válvula pulmonar e, ao longo dos anos, precisei de mais procedimentos, incluindo a colocação de um marcapasso”, conta Wagner, com uma nostalgia que mistura gratidão e emoção. Para ele, o Pequeno Príncipe foi mais que um hospital, “foi um refúgio de cuidados médicos que o acompanhou ao longo de toda a sua vida”.
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Só que a história de Wagner com o hospital não parou por aí. Em 2017, o destino o levou de volta ao Pequeno Príncipe. Desta vez, estava ali não como paciente, mas como pai, lutando pela vida de seu filho.
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Lukas tinha fortes dores de cabeça e um dia acabou com tudo paralisado. A família passou por três hospitais, até que houve um encaminhamento e Wagner se viu dentro do local que anos atrás salvara sua vida: o Hospital Pequeno Príncipe. Lukas foi diagnosticado com encefalite anti-GABA-AR (doença que tende a gerar alterações comportamentais ou cognitivas, que evoluem para convulsões refratárias e lesões multifocais).
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“O Lukas foi encaminhado para fazer apenas uma biópsia no Pequeno Príncipe, mas quando chegamos, eu insisti e falei que queria que meu filho fosse atendido pelo hospital. Foi aí que começou nossa batalha. No total, ele ficou internado por 49 dias. Na UTI, foram 28 dias, 25 deles em coma induzido. E quando meu filho acordou, ele não nos conhecia mais, meu filho teve que aprender a andar, aprender a falar de novo. Tudo do zero”
nlembra o pai de Lukas.
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O Pequeno Príncipe foi onde a transformação aconteceu. Foi ali que, com o apoio da equipe médica, de enfermeiros e profissionais dedicados, Lukas conseguiu o tratamento e, junto disso, fez Wagner se reerguer.
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Atualmente, Lukas ainda continua com o acompanhamento, mas está bem. Para Wagner, o Pequeno Príncipe se tornou um símbolo de cura, esperança e milagres.
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“Essa experiência que eu tive ali com o Pequeno Príncipe, marcou muito minha vida, a vida do Lukas, a vida da minha esposa. Por saber que o hospital tem uma responsabilidade muito grande. E às vezes quem está de fora não consegue enxergar definitivamente o que é feito por lá. A experiência passada no Pequeno Príncipe, de paciente a pai de paciente, foi de muito aprendizado”
nreflete Wagner.
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Por trás dos atendimentos
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A história de Wagner e Lukas entre os corredores e as salas do Pequeno Príncipe, se entrelaça com a história do hospital filantrópico que, todos os meses, trava verdadeiras batalhas para continuar fazendo a diferença na vida das pessoas.
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Com mais de 105 anos de história, o Pequeno Príncipe tem sido referência no atendimento pediátrico de alta complexidade, realizando cirurgias cardíacas, oncológicas, ortopédicas e transplantes de medula óssea. Mas, por trás de sua excelência e dedicação, existe uma batalha silenciosa e constante: a dificuldade de fechar as contas no final do mês.
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“A gente consegue estabelecer esse padrão de qualidade e atender com excelência há muitos anos. E é por isso que a população talvez não tangibilize o enorme desafio que a gente tem e essa questão simples, porém essencial. A conta não fecha. Isso nos mobiliza a realmente buscar recursos de diversas maneiras e com todo mundo”
nconta Ety Cristina Forte Carneiro, diretora executiva e de marketing do Hospital Pequeno Príncipe.
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A diretora executiva explica que o Pequeno Príncipe disponibiliza 60% de sua capacidade para o SUS, porém existe uma defasagem entre o que o tratamento custa, e o que os hospitais recebem do SUS.
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“A cada um real que a gente gasta para prestar serviço e salvar vidas, a gente só recebe 40 centavos. Aqui no Pequeno Príncipe é tudo igual para qualquer criança, desde alimentação até materiais, equipamentos, tudo que tudo que é necessário, a padronização é única. Isso garante a qualidade de assistência. Mas traz para nós um desafio e uma grande motivação no sentido de mobilizar os três setores da sociedade para captar recursos, conseguir investimentos sociais e prestar essa medicina de excelência que é a nossa marca”
ndetalha Ety Carneiro.
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A mensagem de esperança e resistência é tão clara quanto a transformação que o hospital promove na vida dos pacientes. Apesar disso, todos os dias, a missão de salvar vidas esbarra nas dificuldades financeiras.
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“A gente precisa ser muito, muito, criativo. Lá atrás, na década de 90, a gente criou o nosso primeiro programa de captação, que era o ‘Adote Um Leito’, que era uma adoção simbólica, através de repasse de doação mensal. É muito importante para os hospitais e as organizações filantrópicas, um recurso de uso livre, que é esse recurso que as organizações podem usar com flexibilidade. Se de repente precisa pagar um remédio que não é coberto pelo SUS, ou uma organização menor, aquele mês está com dificuldade de comprar alimento. Esse é o recurso mais difícil de conseguir, porque normalmente o doador quer um recurso carimbado. Se eu vou comprar um equipamento de raio-x, é mais fácil de conseguir do que esse recurso para custeio, mas é importante que as pessoas percebam que com uso adequado, com transparência, é imprescindível doar para esse uso também”
ncomenta a diretora executiva do HPP.
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Como doar para o Pequeno Príncipe?
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O Pequeno Príncipe continua sendo o refúgio de muitas crianças que precisam de um atendimento especializado e acolhedor. Ety reforça que, do orçamento total do hospital, faculdade e instituto de pesquisa, as doações representam quase 20% do orçamento. Por isso, as ajudas são essenciais para a manutenção da oferta de serviço.
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As doações para o Pequeno Príncipe podem ser feitas pelo site oficial do hospital, que é o doepequenoprincipe.org.br. Também existe a colaboração por meio da fatura da Copel, em que o valor é descontado todos os meses.
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As pessoas também podem fazer transferência por PIX (a chave é doacoes@hpp.org.br), e podem usar a renúncia fiscal, pessoas e empresas. Os valores não precisam ser altos e cada um ajuda com o que pode.
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“Empresas que pagam imposto pelo lucro real podem destinar 1% do imposto devido. Pessoas físicas, que fazem a declaração pelo modelo completo, 6% do imposto devido. Tanto se elas tiverem imposto a pagar, quanto a restituir. Esse é um mecanismo muito bacana, que tem mais de R$ 14 bilhões que a Receita Federal abriria a mão para repassar através da renúncia fiscal, e só 2% das pessoas usam o mecanismo. Então, por favor, busquem informação nos telefonem, para usar as renúncias fiscais, e essas informações todas estão no nosso site”
nexplica Ety Cristina Forte Carneiro.
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Como diz Ety, “cada sorriso de uma criança, cada palavra dita, cada passo dado, nos alimenta e nos motiva a seguir em frente”. Para isso, é preciso que todos, como sociedade, entrem como parceiros nesta luta. No Pequeno Príncipe, da história de Wagner e Lukas, até a de pacientes anônimos, a esperança é cultivada todos os dias. Por isso, cada contribuição, por menor que pareça, faz toda a diferença.
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A luta dos filantrópicos
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Os hospitais filantrópicos, como o Pequeno Príncipe, desempenham um papel vital na saúde brasileira, especialmente pelo SUS. A luta para pagar as contas, em razão da defasagem nos recursos, é rotina, como destaca Charles London, presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Paraná (Femipa).
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“A tabela do SUS não acompanha a inflação, os custos aumentam e a receita não cresce na mesma proporção”, explica London. Muitos hospitais filantrópicos atendem, no mínimo, 60% de pacientes do SUS, e alguns chegam a 100% do atendimento voltado para o sistema público. “A busca por doações e parcerias tem sido cada vez mais intensa e profissionalizada”, afirma o presidente da Femipa.
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O Hospital Pequeno Príncipe, que ao longo dos anos se tornou referência também no contato com a comunidade para pedir ajuda, é um exemplo claro dessa realidade.
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“O Hospital Pequeno Príncipe é sempre uma das referências no atendimento à população infantil e adolescente, e ele tem um apelo grande, consegue se comunicar bem com a comunidade e a captação dele é muito importante para o fechamento das contas dele”
nreforça Charles.
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A Femipa tem trabalhado, ao lado de outras entidades, como a Confederação das Misericórdias, e com o apoio do poder público, para buscar soluções que ajudem a reduzir custos e melhorar a gestão dos hospitais filantrópicos.
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“Temos procurado oportunidades para reduzir custos, melhores práticas e prover outras oportunidades. Sempre no intuito de equilibrar suas contas e poder continuar prestando o serviço que presta”
nconclui o presidente da Femipa.
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Em tempos de desafios financeiros, as doações da comunidade, empresários e pessoas físicas, continuam sendo a chave para que hospitais filantrópicos mantenham a missão de salvar vidas e oferecer atendimento de qualidade a quem mais precisa. Inclusive no que diz respeito a criar laços e deixá-los mais fortes.
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