março 13, 2025

Ter carro e comprar uma moto pode ser uma roubada

Você que tem carro, moto ou pretende adquirir um dos dois, preste bastante atenção nesse texto, ele trará informações valiosas para que sua escolha seja a melhor possível.

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Domingo, mesa de bar, um amigo fez o seguinte comentário: “Estou gastando R$ 200 de gasolina por mês para ir ao trabalho de carro, tenho que parar com isso”, outro respondeu com uma dica: “financie uma moto com esse valor, além de economizar, ao final do financiamento você terá mais um bem”.

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Duas colocações sensatas, não é mesmo? Não. Por incrível que pareça os dois erraram. Não ponderaram suas opiniões e caíram no erro fácil. Os dois estão equivocados e explico o por quê a vocês.

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Mas antes, uma pequena introdução: O exemplo e os cenários construídos respeitam as seguintes premissas: Indivíduo que recebe entre 2 e 3 salários mínimos (a massa da população) que tem veículo próprio, não financiado, que trabalha 20 dias por mês e percorre 35Km para ir e voltar do trabalho.

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Tudo certo? Então vamos montar o primeiro cenário para desconstruir o comentário: “Estou gastando R$ 200 de gasolina por mês para ir…”.

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Para isso os convido a fazer um exercício mental e citar os benefícios de ir para o trabalho de carro (para isso citamos apenas os benefícios que o veículo traria para o indivíduo e nãos os malefícios que o excesso de automóveis trazem para a sociedade).

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Alguns benefícios são explícitos; Comodidade, conforto e segurança. E esses benefícios custam algo. O bem-estar por eles proporcionado tem seu valor. Quem não gostaria de ir todos os dias para o trabalho no ar condicionado ouvindo uma boa música, protegido do sol ou da chuva? Ou simplesmente não perder horas preciosas do dia nos pontos e ônibus lotados? Logo, esse valor despendido com combustível (R$ 200) não se caracteriza um “gasto”. Claro que é uma despesa que entra no orçamento e tudo mais, mas… A tal despesa traz um benefício que vale muito mais que o montante despendido. Todo mundo que não possui carro queria um “gasto” assim.

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O segundo comentário, que pra maioria é o mais sensato é ainda mais bobo. Entendam: Financiar uma moto com o valor despendido com combustíveis para “juntar” dinheiro e assim ter que ir trabalhar todos os dias de moto é um erro estúpido. Estamos entendido? Espero que sim.

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Primeiramente, o novo meio de locomoção também consome combustível, querendo ou não, no mínimo, terá que abastecê-la com cerca de R$ 20 semanais, ou seja, dos R$ 200 “economizados” só restarão R$ 120 ao fim de cada mês. ( E lembrem-se que para “sobrar” R$ 120 tivemos que excluir do cálculo, e da discussão, os gastos com impostos, manutenção e etc.) O valor restante será usado para pagar o financiamento de uma moto ano 2003 no valor de R$ 3500 – só para encaixar no exemplo-. Ao final de 3 anos, tempo do financiamento, indo todos os dias, faça chuva faça sol, para o trabalho de moto, o amigo do exemplo conseguirá quitar a sua moto por um valor nominal (R$ 120 x 36) de R$ 4.320, mas a moto, que suponhamos esteja em perfeitas condições, só vale, agora, R$ 2.500. Não precisa ser nenhum gênio em economia, ou comparar a comodidade e segurança trazidas por cada um, moto e carro, para perceber que tal esforço é um péssimo negócio, tanto do ponto de vista da economia pretendida, quanto da “qualidade de vida” que cada um propicia.

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Se a real intenção é poupar dinheiro, existem meios mais fáceis, práticos e eficientes. Já pensou se fosse apenas um dia na semana de ônibus para o trabalho? De acordo com os mesmos cálculos economizaria uns 40 reais por mês. Ou então em pegar mais leve na hora do almoço? Ou simplesmente substituindo alguma coisa cara que consome no seu dia a dia. E que essas medidas lhe economizassem míseros R$ 2 por dia. No fim de cada mês você teria R$ 60. Mais os R$ 40 economizados com a ida uma vez por semana para o trabalho de ônibus, aplicados na poupança, no final de 3 anos – só para comparar com a compra da moto – Contabilizaria R$ 3.933, 61 a mais no seu bolso. Um valor 36% maior do que conseguiria com a venda da moto. Sem contar que continuaria confortavelmente dentro do seu carro curtindo um CD bacana.

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Mexendo apenas com um pedacinho ínfimo da renda, conseguimos mostrar que poupar um valor pequeno pode nos surpreender no longo prazo. E que ações, que no primeiro momento parecem irrefutáveis, às vezes, merecem uma análise melhor.

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Boas escolhas.

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